Livros: Entrevista com escritora


Oi pessoal? Gostando do blog O Lado de Cá?! Bem, espero que sim pois tem uma novidade muito legal aqui. Uma entrevista com uma autora de livros. Georgette Silen escreveu um livro de vampiros chamado Lázarus e que está a venda em livrarias de todo o Brasil. 

Legenda: Matheus
Georgette


Como surgiu a ideia de Lázarus?
O Lázarus teve várias fontes de origem: minha paixão por vampiros, meus estudos de mitologia dos povos, mas o gatilho disparador, com certeza, foi um sonho que tive com uma das cenas do livro. Eu fiquei com a imagem na cabeça durante dias até decidir escrever sobre o assunto, e o livro nasceu.


Com toda essa onda vampiresca a solta por aí, tanto na literatura brasileira e estrangeira, o que tem a dizer sobre os livros que estão sendo lançados a respeito?

Literatura de vampiros sempre foi uma constante, apesar de ficarem em evidência mais acentuada de tempos em tempos, como tantos outros assuntos, que tem a chamada “onda” do momento. Tenho lido histórias muito boas a respeito, e outras nem tão interessantes assim. Um livro que me chamou muito a atenção foi Agridoce, de Simone O. Marques, publicado pela editora Multifoco, que trabalha características diferentes do que estamos acostumados, e um livro que estou querendo ler é A Passagem, de Just Cronin, publicado pela editora Sextante, e que também narra o mito dos vampiros num futuro pós apocalíptico.

Como foi o seu processo de publicação? Como tudo aconteceu?
Aconteceu da mesma forma que para muitos escritores, eu acredito. Após escrever o primeiro volume da série do Lázarus, enquanto trabalhava nos demais eu enviei o original, após registrá-lo, para algumas editoras que tinham em seu catálogo livros de literatura fantástica, entre elas a Novo Século. E aguardei uma posição. Nesse ponto é preciso frisar que editoras DEMORAM para dar seu parecer, cerca de oito meses a um ano de análise para novos autores, e se o autor estiver com pressa de ver seu livro publicado então é melhor procurar outras maneiras para isso, como a autopublicação ou a demanda. Então fica a dica: não tenha pressa, além do tempo indicado pela editora. Se após o período mencionado você receber alguma comunicação negativa sobre seu livro ou não receber nenhuma, não desista e procure outra editora, sempre. O Lázarus foi rejeitado em 3 editoras antes de ser aceito pela Novo Século, que inclusive não quis receber o original dele, em um primeiro pedido que fiz, alegando não interesse na época.

O que tem a dizer sobre os autores que estão iniciando. Há algum macete para conseguir destaque no mercado?
Divulgação e não se acomodar, esse é o macete para o autor que deseja seguir a escrita como profissão. Publicar um livro, em nosso mercado, acaba sendo a mais fácil das tarefas de casa de um escritor. A mais difícil é se fazer ouvir, ler, ser reconhecido como autor, e para isso ele deve, acima de tudo, saber vender seu próprio livro.

Tenho visto muito autores que esperam publicar suas obras e virarem “Best Sellers” da noite para o dia, esperando que seus livros se vendam sem esforço. A realidade não é essa, nem nunca foi. Nossos Best Sellers de hoje foram os anônimos de ontem, gente que fez de tudo: autopublicação, vendeu na rua, ofereceu de porta em porta a estranhos, participou de eventos e feiras literárias, mesmo sem ser convidado, fez propaganda boca a boca nas livrarias, etc.

Nesses momentos, a velha “cara de pau” acaba sendo a melhor arma do autor iniciante, saber vender seu peixe pode garantir um público cativo de sua obra. Mas, é preciso lembrar: o autor tem que estar confiante em seu trabalho, pois se ele não acreditar em seu potencial não irá convencer o seu leitor.

O que faz além de escrever livros?
Sou professora de Arte regular e arte educadora em projetos sociais, além de revisora de textos.
A Bienal do ano passado (Em SP) foi um momento marcante para quem autografou pela primeira vez. Conte-nos desta experiência.
 É como um conto de fadas. Antes você era a Gata Borralheira que ia à Bienal como visitante, e depois você está lá, como Cinderela, autografando, retirando seu crachá de autor e entrando, sem precisar pagar, num dos maiores eventos literários da América Latina. Mas, em todo conto de fadas existe o momento de virar abóbora, e eu senti isso pelo cansaço extremo, afinal eram quase 12 horas em pé autografando livros e falando com leitores. Chega um momento que você sabe que tem pernas, mas não sente; isso, claro, depois que elas já cansaram de doer. Tem também a fome, a dor na garganta de tanto falar para oferecer seu livro, e os momentos angustiantes em que você vê a prateleira de autores internacionais esgotar e o seu livro ainda está ali, esperando que o público leitor brasileiro entenda que o autor nacional é tão bom quanto todos os outros de fora.

Mas é um momento mágico, como são os contos de fadas, e mesmo todos os problemas acabam sendo parcialmente minimizados pela alegria de fazer parte do baile.

Quais e quantos livros está lendo ultimamente? Se existe alguma quantidade, liste para nós. Qual seu gênero preferido?
Eu leio de tudo um pouco. Meu gênero favorito sempre foi o Fantástico, mas flerto muito com o Romance e o Realismo.

Atualmente estou lendo “O Rei e o Camaleão” de C. N. David, “Jesus e a Filosofia”, de Paul K. Moser, “A Escolha de cada Um”, de Regina Monge e “Era de Aquário 2” de Simone O. Marques.

Tem muito se falado ultimamente sobre a nova moda literária. Os anjos caídos. Te interessaria escrever um dia sobre algo a respeito?
Adoro anjos, especialmente os caídos, tenho uma queda pelo mito de Lúcifer.

Como disse antes, a “bola da vez” agora são os anjos, mas eles SEMPRE estiveram presentes na literatura, entretanto eram menos comentados em alguns tempos. Basta olhar para livros como O Senhor da Chuva, de André Vianco, que misturou anjos e vampiros em um mesmo delicioso livro, muito antes da atual tendência. E temos também o livro Anjo, a Face do Mal, de Nelson Magrini, editado há quase cinco anos, que trabalha de forma bárbara os anjos, caídos ou não. Mesmo o fenômeno da A Batalha do Apocalipse, de Eduardo Spohr, não é uma “novidade”, pois o livro já existe há quatro anos, mas ganhou popularidade e cara nova pelo investimento da editora Record, com o selo Verus, e com a divulgação correta na mídia, atingindo o patamar de ser o número um de vendas em vários sites de redes de livrarias.

Sobre escrever ou não acerca de anjos, eu tenho o projeto de uma história, que nasceu de um conto que publiquei e que estou desenvolvendo. Acredito que em 2011 ele já estará pronto e talvez nem pegue a “onda” do momento, mas é uma história da qual gosto muito.

Você acha que os livros de vampiro Crepúsculo e Diários do Vampiro (A retomada, chamada "O Retorno", já que o Diários estivera fora por um tempo) fizeram os jovens se reaproximar da leitura?
Não digo “reaproximar”, por que como professora eu sei que o jovem lê e muito. O maior público consumidor de livros no Brasil são, em primeiro lugar, as mulheres, e depois os adolescentes.

A questão em relação aos jovens é: O que eles gostam de ler?

Crepúsculo e Diários do Vampiro têm a resposta. Eles têm a fórmula que agrada a um público que busca a literatura como forma de entretenimento, que não deseja avaliar ou julgar uma estória, como os “adultos críticos”, mas apenas interagir num Universo que os distraia de suas obrigações enfadonhas do dia a dia e que os faça sonhar, sentirem-se especiais, numa fase em que a autoestima é tão abalada facilmente. O bom desse fenômeno, em minha opinião, é que antes desses livros os adolescentes raramente se interessavam por esses mitos, especialmente vampiros, e após essaspublicações despertou-se a curiosidade e a busca por outras fontes de informação. É muito interessante você ver um aluno que leu Crepúsculo espantar-se com Drácula, ou sentir repulsa pelos livros de André Vianco, e mais interessante ainda é vê-lo entender que existem diversas formas de se contar a mesma lenda, para diversos públicos, e que ele tem a chance de descobrir e conhecer. Ele aprende que a fonte do que leu é muito mais antiga e cheia de detalhes, que podem ser trabalhadas pela imaginação do escritor.

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